Sou apaixonado por Ficção Científica (e uma verdadeira bitch de Cyberpunk, aguarde me ouvir/ler falando/escrevendo sobre Neuromancer), e quando vi Extant, uma série de 2014 com uma aparência de grande produção, seguindo o caminho de novas séries de milhões de dólares em orçamento para onde estão migrando grandes figuras cinematográficas a fim de salvar a própria carreira, meus olhos se encheram de lágrimas, talvez não tanto, mas fiquei muito esperançoso. Há, um tal de Steven Spielberg como o produtor executivo, ou seja é o cara que falou “legal isso ai heim, toma dinheiro e usem meu nome”.
Extant conta a história da astronauta Molly Woods (Halle Berry, que depois de Mulher Gato e a Tempestade Poeta de X-Men “você sabe o que acontece com um sapo quando atingido por um raio? o mesmo que a todos os outros” é particularmente difícil leva-la a sério) que esta há 13 meses em uma estação espacial da ISEA (International Space Exploration Agency) fazendo experimentos em plantinhas e fungos em gravidade zero – ou algo assim – até que ocorre uma pane energética e a aparição de seu falecido noivo, Molly desacorda e claro, não há nada além dela nos registros de vídeo da estação.
De volta a terra vemos a família de Molly, o marido e “cientista” Dr. John Woods (Goran Visnjic) e o “filho” adotivo Ethan Woods (o ótimo moleque Pierce Gagnon), o grande diferencial desta família é o garoto Ethan, um Humanic, um protótipo de robô projetado com uma inteligência artificial para aprender a ser humano, ou ser como um humano – uma das grandes dúvidas da primeira temporada da série, “será possível que um robô adquira humanidade?” com direito a sorrisos e expressões de um psicopata de primeira linha por parte do moleque Pierce. A série começa a andar quando Molly descobre que esta grávida, e que a fecundação teria ocorrido enquanto ela estava no espaço, precisamente no encontro com seu falecido noivo, será uma criança humana? alienígena?
A série se desenvolve mostrando camadas de intrigas e conspirações de grandes corporações com interesse na experiência de Molly no espaço e na natureza alienígena de sua gravidez, explicitando a fragilidade de Molly diante de um panorama tão grande de relações de poder e paralelamente mostrando o desenvolvimento de Ethan para integrar-se em uma relação humana, e sendo claramente a partir de determinado ponto da série, mais do que um humano, e mais do que uma máquina.
A série tem um ritmo dramático, mas é bastante interessante, as especulações tecnológicas são um show a parte, sendo extremamente plausíveis e coerente, mostrando uma automação intrínseca da vida humana, mediando as relações entre homem e máquina. A atuação de Halle Berry é boa, como se espera que seja, nada absurdo, mas interessante, acho Goran Visnjic, e claro o moleque Pierce Gagnon atores de melhor expressão, mesmo que o Dr. Woods seja infinitamente mais raso como personagem.
Quando manipulações telepáticas, símbolos concêntricos alienígenas, mortes estranhas, a nublada relação entre certo e errado, o preço da vida, e questões cinzas e complexas como estas começam a ser explicitadas na tela a coisa melhora bastante, por isso persevere.
E é Scifi, confesse, você já assistiu coisas horríveis apenas por ser ficção científica. Se tem algum tempo vago, dê uma chance a Extant.
Sucesso.