[Resenha] Hellraiser – The Dark Watch

Hellraiser: The Dark Watch, chegando ao Brasil pela editora Astral, renova o universo dos Cenobitas criado por Clive Barker no romance Hellbound Heart. Consagrado entre os ícones da cultura de horror em sua adaptação cinematográfica de 1987: Hellraiser: Renascido do Inferno.

Imagem: bloody-disgusting.com

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Embora as editoras brasileiras negligenciem as HQs de Hellraiser por muito tempo algumas delas vieram até as terras tupiniquins, permitindo aos fãs espiarem um pouco mais o universo sombrio difundido pelo filme de 1987. Hoje considero material obrigatório para todo o fã de horror e de Dark Fantasies.

The Dark Watch é um verdadeiro presente escrito pelas mãos de Brandon Seifert e desenhado por Tom Garcia.

A história acompanha acontecimentos situados vários anos após o que foi exibido nos dois primeiros filmes e segue duas tramas paralelas prestes a se cruzarem. De um lado temos o ex-detetive ocultista Harry D´Amour (protagonista do filme “O Mestre das Ilusões de 1995, escrito e dirigido por Barker ”) que, transformado no novo Pinhead, lidera um exército de cenobitas no inferno de Leviathan (a mística e misteriosa entidade demoníaca responsável pela criação dos Cenobitas e pela manutenção do inferno conhecido pelo nome de “O Labirinto”) conspirando para proteger a terra dos seus novos semelhantes.

Paralelo a isso, vemos um grupo de investigadores, outrora liderados por D´Amour, organizarem-se para caçar e destruir todas as “Configurações do Lamento”, os quebra-cabeças em forma de cubo, que, quando resolvidos, abrem portas para o Labirinto, libertando os cenobitas e despejando tortura e loucura sobre a humanidade.

Imagem: static.comicvine.com

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As duas tramas se encontram no momento em que uma invasão de demônios vindos de outro inferno, “o inferno da fúria”, controlado pela entidade com nome de Abaddon, tenta destronar D´Amour e Leviathan, provocando uma guerra entre as duas dimensões que pode abalar as raízes da própria existência.

The Dark Watch é editada em encadernados e, no Brasil, são três, até o presente momento. Tendo sido aclamada pela crítica lá fora, a HQ faz jus a reputação. O roteiro tem uma história cativante, pois a atmosfera prende o leitor e os ganchos que separam os capítulos e os encadernados trazem um suspense digno com muita capacidade de fisgar o leitor para seguir a trama e perceber a fertilidade criativa de Clive Barker, que, mesmo não sendo o roteirista, gerência de perto essa nova perspectiva atribuída ao seu universo, um mérito que deve ser estendido a Seifert, que é competente em respeitar a mitologia original de Hellraiser.

O ponto fraco das 3 histórias publicadas aqui é devido muito mais pela edição do que pelo trabalho original. A tradução também não é das melhores e se estabiliza apenas no terceiro volume, somado ao fato de que The Dark Watch possui um arco anterior de 6 encadernados que não foram levados em conta pela editora. Os diálogos e a história têm um inicio confuso que beira a perda de sentido até a segunda HQ. Mesmo assim, a trama não perde o brilho e a excelência, bastam alguns minutos a mais de atenção e, talvez, uma pesquisa no Google, para fazer o leitor solucionar os desentendimentos.

A arte de Tom Garcia é fiel ao ambiente proposto pelo universo Hellraiser, cheia de gore, vísceras, mortes horripilantes, ambientes alucinantes e criaturas detalhadas de encher os olhos. Eu, particularmente, (alerta de Spoiler!) adorei o visual de Elliott Spencer, o Pinhead original, transformado em pontífice do inferno de Abaddon. Sua armadura insetóide tem garras e pináculos que intimidam de verdade, mesmo em um desenho desprovido de qualquer realismo diegético, e sua testa é crivada de vermes cujo traço causa uma nojenta e repugnante impressão de movimento. Além das criaturas, o desenho do Labírinto é excelente e cheio de detalhes que farão o leitor perder um bom tempo degustando tudo.

Imagem: horrornewsnetwork.com

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O maior mérito de The Dark Watch é nos dar a chance de revisitar o universo de Hellraiser, principalmente porque vimos os filmes, uma fresta é aberta para um mundo que imaginamos vasto e cheio de histórias, contudo, além do segundo filme, o cinema deixou de cumprir as expectativas dos fãs. Mas, para nosso deleite, Barker e outros autores e artistas levaram o universo dos cenobitas, com toda sua atmosfera marcante e curiosa, para as HQs e isso torna a experiência da leitura ainda mais interessante, já que podemos conhecer melhor alguns personagens marcantes como, Spencer, Tifany, Kirsty e o próprio Leviathan no seu Labirinto, abarrotado de infinitas possibilidades de histórias.

Também é memorável poder ver nas páginas da revista alguns personagens igualmente marcantes de outras obras de Barker. É gratificante poder rever em novas performances, e em uma nova mídia, Harry D´Amour, o detetive atormentado em “O Mestre das Iusões”, e Butterfield, icônico e excêntrico vilão presente no mesmo filme.

Pelos 3 volumes publicados até agora, é possível ver que o futuro dessa HQ será tão satisfatório quanto o que pudemos ler e colecionar até agora. Com certeza os leitores ficaram ansiosos, como eu estou, pela chegada dos novos encadernados, esperamos que a Astral seja rápida e melhore o seu trabalho de tradução. No quesito físico, as páginas e a capa garantem uma qualidade muito boa.

Há pouco tempo, o Mundo Freak noticiou que Clive Barker está preparando a adaptação de Creepypastas para uma Websérie e antes que ela seja lançada, The Dark Watch é uma oportunidade excelente para quem quiser se familiarizar com a imaginação bizarra e desconcertante do autor, mesmo que o roteiro não pertença a ele, o universo é de sua criação e a HQ é coordenada diretamente por suas mãos.

Em um mercado de HQs cada vez mais em ascensão, o terror tem seu espaço garantido com esses 3 volumes de Hellraiser e, se você é um fã de terror e horror, eles são leitura obrigatória.

Informações técnicas

Título – The Dark Watch – Inferno 1

Editora Astral

Nivel de Leitura: Fácil

Nota: 4/5

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