Resenha – O Mistério de Grace

“O pecado é como uma ferida aberta. Se não cuidar inflama, espalha e cresce diante de seus olhos”

O Mistério de Grace conta a história de uma adolescente religiosa, moradora de uma cidade pacata, que começa a ser atormentada pelo demônio até sucumbir a ele. A fórmula é genérica e pode ser vista em trocentos outros filmes, mas a principal diferença é: O filme é todo em primeira pessoa! Sim, exatamente! Nesse filme ninguém anda com câmeras pra todos os lados, nesse filme a câmera É a personagem Grace! Achei a ideia tão diferente e inovadora que resolvi dar uma chance ao roteiro clichê e não me arrependi!

Grace (Alexia Fast, vista no filme Fido O Mascote) é criada pela avó, interpretada pela maravilhosa Lin Shaye (vista na franquia Sobrenatural, A Hora do Pesadelo e Detroit Rock City, onde também é uma católica fervorosa), dentro de leis bastante rigorosas e cristãs. Sua mãe morreu no parto, quando tinha 18 anos, e o maior medo de sua avó é que ela “fique igual à mãe”, que tinha problemas neurológicos e/ou espirituais.

A história começa quando Grace, 18 anos, chega ao campus da faculdade e começa a conhecer seus “amigos”. Ao participar de uma festa, começa a ter alucinações e acaba parando no hospital, onde a médica alerta Grace da hereditariedade de doenças mentais e indica que ela converse com sua avó sobre o ocorrido. De volta à casa de sua avó, Grace começa a presenciar estranhos acontecimentos e a ficar muito doente e agressiva, até que é atingido o clímax do filme onde segredos são revelados e rituais são feitos!

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Tem duas coisas muito legais sobre esse filme, além do fato dele ser em primeira pessoa:

1- Ele quase não tem cortes, o que faz o filme fluir de maneira rápida e crível. Parece mesmo que você tá ali vendo através dos olhos de alguém, principalmente pelos movimentos de câmera nas cenas em que Grace está envergonhada, ou bêbada, ou até mesmo piscando os olhos;

2- Todas as cenas com espelhos são muito bem feitas! Fica aquela sensação de “como eles fizeram isso??” que é muito legal em filmes de terror. Deu pra ver que o pessoal dos bastidores teve bastante trabalho e capricho na edição do filme (Mais legal ainda é imaginar a atriz andando pelo set com uma câmera amarrada na cabeça OU os atores interagindo com uma câmera no ar HAHAHAHAHA).

Os problemas também foram mais numerosos:

1- O final do filme. Apesar de trazer um Plot twist* (que eu já tinha matado logo na metade do filme), o final em si ficou muito solto e incompleto. Ficou meio que em aberto… talvez na tentativa de cavar uma sequência? (Tomara que não);

2- A ação demora muito a engrenar. O filme tem só 88 minutos de duração e a maior parte do tempo é lenga lenga. A cena principal do trailer, que é o exorcismo da Grace, só acontece nos 10 minutos finais, por aí;

3- O roteiro é ruim. As coisas são bastante soltas e você se perde no espaço-tempo. Ela ficou quanto tempo na faculdade? A festa aconteceu logo nos primeiros dias? Quanto tempo ela ficou com a avó antes de começar a passar mal? Parece que os dias são sempre iguais e não anoitece nessa cidade! Além disso, o relacionamento de Grace com a avó controladora podia ter sido mais bem explorado. São poucos os diálogos entre elas e nada é revelado sobre o passado de Grace. O começo do filme é um pulo de 18 anos e esse espaço poderia ter sido preenchido de alguma forma, através de flashbacks ou até mesmo mencionado por uma das duas personagens. Será que ela já sofria alucinações antes? Será que o quarto da mãe dela sempre ficou fechado? Muitas perguntassss!!! ;

4- A atriz que interpretou a Grace também interpretou a Mary, mãe de Grace. Hollywood tem tantas atrizes…

Minhas considerações finais são: Jeff Chan, diretor de primeira viagem, se preocupou tanto em inovar com a gravação em primeira pessoa que se esqueceu de caprichar mais no roteiro e em melhores atores (com exceção de Lin Shaye). Mesmo trazendo alguns produtores de outros filmes de terror mais bem sucedidos, o filme acabou escorregando.

PS: Enquanto eu procurava imagens para o post, descobri outro filme com a mesma ideia da câmera em primeira pessoa. É filme de serial killer e se chama “You Are Not Alone”, lançado em 2014. Alguém já viu? Fica aí a dica!

NOTA 2.5/5

* Plot Twist: Significa “Reviravolta no roteiro”, ou seja, quando acontece algo inesperado e que muda todo o rumo da história.

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