Olá, pessoal. Hoje eu trago um texto não meu, mas de um aluno, o Marcelo Cannini. Por favor, apreciem e coloquem seus comentários abaixo.
The Evil Within mostrou durante seu desenvolvimento que seria a grande volta do survival horror ao topo do mercado de games. Após teasers dignos de um possível melhor jogo de terror da última década, vimos depois de lançado que mesmo entre corredores escuros e estreitos e zumbis pra todos os lados a volta do gênero não viria por meio de uma grande produtora.
Impossível não falar de The Evil Within sem falar sobre a saga Resident Evil e as expectativas e frustrações criadas em torno de seus últimos lançamentos. Deixar o horror de lado, como se fez, é um caminho quase natural para as sagas oriundas do terror de sobrevivência, as crianças que viram o lançamento de Resident Evil e Silent Hill agora são adultos, e já não se assustam mais com poucas dezenas de polígonos. Devido ao amadurecimento do público do horror, tornou-se necessário grandes produtoras seguir o caminho mais viável e lucrativo, focar mais na ação frenética e deixando de lado os sustos, assim tentando agradar a maior parcela do público. Para a saga Resident Evil essa guinada rumo a ação até rendeu bons momentos no início, como os elogiados Residen Evil 4 e 5. Mas após o lançamento de Resident Evil 6 e Operation Racoon City percebeu-se que a coisa estava desandando.
Resident Evil 6 era o encarregado da missão de resgatar o foco no terror, falhou miseravelmente trazendo mais ação ainda a série. O grande problema não era o enredo bebendo da mesma fonte desde 1996, era necessário a serie decidir se abraçava o terror ou a ação desenfreada. Foi nesse clima de frustração por grande parte dos fãs de Resident Evil que Shinji Mikami, pai da saga, apostou na criação de um substituto para os antigos jogos de horror, The Evil Within seria sua volta ao gênero terror.
O jogo em si não traria isoladamente tantas expectativas, afinal, ele apresentava gráficos medianos, protagonista genérico, antagonistas praticamente retirados por inteiros de outros jogos e ainda se intitulava de “o próximo Resident Evil 4”. O que realmente se ansiava não era um jogo novo, diferente de tudo já visto, mas sim a volta de um título para trazer a mesma sensação do terror visto em 1996, porém repaginado com gráficos atuais, possibilitando uma maior imersão.
Dois anos depois de seu anúncio The Evil Within chega às lojas. A premissa do jogo gira em torno do detetive Castellanos investigando uma misteriosa chacina em um hospital psiquiátrico. Com algumas horas de game a base inicial do enredo já se perde em meio a tanto “non-sense”. Entre zumbis, sangues e uma ambientação macabra, o que realmente se percebe é que o jogo foi criado antes mesmo de ter um roteiro. Acontecimentos justificando-se na base do “por que sim” mostram que o roteiro é um notável ponto fraco no jogo.
Outro fator negativo são seus bugs, cenários com delays colossais de renderização e colisão inexistente são os principais. As inúmeras mortes que virão ao longo da jogatina não se devem a alta dificuldade do game, mas sim a uma jogabilidade dura, lenta e mal planejada. A munição não é escassa a ponto de se comparar a Silent Hill, mas também não chega a ser um Call of Duty, a capacidade reduzida de carregar balas leva a ilusão de haver menos munição do que realmente há. Contudo The Evil Within ainda é um bom jogo, dá alguns sustos e a ambientação é fantástica, mas o padrão criado pelos primeiros Resident Evil, Silent Hill e até mesmo o recente Dead Space é difícil de alcançar.
Bestas com munições explosivas e congelantes, inimigos armados e caminhonetes equipadas com metralhadoras mostram que ainda se tem um grande receio entre as produtoras em produzir um jogo totalmente voltado ao survival horror. Com Call of duty e Battlefield liderando o mercado a tendência das grandes produtoras ainda é fisgar uma fração desse público, mesmo para um jogo que se intitula survival horror. Mas ainda sim The Evil Within pode se tornar um início para a volta do survival horror ao grande público.