[Recomendação] King of Thorns – Ibara No Ou

Desde os primeiros anúncio da produção de um longa animado que seria lançado no longínquo ano de 2010 fui atrás deste mangá que infelizmente não é tão conhecido como outros aclamados. Mesmo após o lançamento do filme, a obra ainda sim caiu na obscuridade e acha-la em boa qualidade com uma legenda bacana é um trabalho quase hercúleo.

A proposta inicial me pegou de surpresa: Temos um mistério envolvendo um grupo de pessoas que são sorteadas para entrarem em um sono de animação suspensa para tentar escapar de um mortal vírus que ameaça extinguir a raça humana. Eles são acordados e descobrem que o lugar foi tomado por uma vegetação coberta por espinhos e monstros mortais aguardam os incautos. Quanto tempo poderia ter se passado neste sono?

Publicado de 2002 a 2005 na revista seinen Comic Beam pelo autor Yuuji Iwahara, Ibara no Ou possui apenas seis volumes. História fechada, curta e muito bem desenhada. O mangá é uma escolha certa aqueles que gostam de boas histórias, apesar dos apesares.

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Temos aí um plot sensacional envolvendo o fator humano de pessoas com personalidades diferentes que nem ao menos se conhecem tendo que se unir para sobreviver. Além de ter que fugirem do lugar e esperar que ainda restem sobreviventes humanos pelo planeta o vírus medusa começa a atacar seus corpos e ao que parece não há qualquer chance de sobrevivência.

Talvez uma das coisas mais legais da obra seja dos personagens dentro desse grupo, cada um guardando um segredo traumático enquanto tentam encontrar uma saída. Um policial, um hacker criminoso, um político corrupto, uma mulher aficcionada pela história da bela adormecida, uma criança sem pais e uma menina que deixou para trás sua irmã gêmea.

Kasumi Isuki é o centro da história e por ela somos apresentados a pandêmica medusa e seus traumas envolvendo sua irmã gêmea Shizuku. E por seus olhos vamos desafiando os inúmeros mistérios que cercam o acontecidmento. 

King of Thorns é um primo pobre de Evangelion, um plot aparentemente simples que se torna um épico psicológico que aos poucos é montado como um quebra cabeça para entender melhor a origem de tudo o que acontece com os personagens e aquele mundo. Mas infelizmente a trama concisa e direta acaba por se tornar uma lambança completa graças aos inúmeros conceitos que são jogados nas páginas (e na tela) para tentar explicar todos os mistérios da trama. Mesmo assim ele se resolve e, queira você goste ou não da bagunça, dá um final bem digno, com plot twists interessantes.

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Pulando para o filme, que foi afinal o motivo de conhecer essa pequena obra no final das contas. Ele apresenta uma boa animação, mas peca muito quando decide  trocar os personagens no estilo clássico 2D por bonecos modelados em 3D em certos momentos do filme. O que dá um aspecto de pressa para terminar o projeto ou baixo orçamento. Na época, as obras orientais ainda tinham pouco domínio da mescla de tecnologias e isso pode e vai incomodar alguns.

Mas talvez o que mais incomode sejam as liberdades criativas tomada pelos produtores. Uma coisa bem vinda são modificações em prol de enxugar a trama para caber em um longa de uma hora e meia. Outra bem diferente é tomar liberdades que não mudam em nada o andar dos fatos e mais parecem que a direção preferiu “melhorar” a obra original. Os monstros são todos em 3D e completamente diferentes das criações do mangá, apesar de apresentarem conceitos semelhantes. Parece que alguém jogou o mangá no liquidificador com o Alien – Oitavo passageiro apenas para chocar e acaba por distrair o espectador da trama real da história.

Você deve ler King of Thorns? Sim. É uma obra que tem suas escorregadas, mas é uma ideia original realizada por um ótimo desenhista. A trama instiga e o final tem diversos plot twists que podem pegar de surpresa o leitor.  Com uma complexidade louvável e ousada para os dias de hoje. Ele foi lançado recentemente pela JBC em edições que gostei muito, então já sabem onde procurar.

Você deve assistir o filme? Apenas se você for fã do mangá e tem curiosidade de saber como tudo ficou. Algumas adaptações são entendíveis, outras execráveis. Além de correr muito e vomitar uma quantidade infinita de informações cheias de temas complexos e filosóficos.

King of Thorns é uma obra que gostei muito muito de acompanhar e por isso a recomendação é máxima.

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