Durante séculos, a África foi destino de exploradores e missionários cristãos, que buscavam não só conhecer os povos da região, como também catequizá-los. Inúmeros são os relatos de religiosos sobre a cultura e religião iorubá, inclusive descrevendo seus ritos e ídolos dispostos em altares.
Desde as primeiras incursões de desbravadores europeus no continente africano, as entidades lá veneradas passaram a ser erroneamente entendidas por outros povos. A representação do orixá Exú pelos iorubás foi distorcida em uma dupla identidade, como um deus fálico baseado em suas representações materiais artísticas para devoção, e como o diabo, baseado em suas descrições e atribuições do panteão dos orixás nas religiões judaico-cristãs.
Com a disseminação das religiões de matriz africana pelo mundo, principalmente nos países de crenças cristãs como o Brasil, Exú passou a ser reconhecido como uma entidade demoníaca, um sinônimo de maldade, luxúria e pecado. Assim, a falta de conhecimento sobre tais religiões, como a umbanda, candomblé e quimbanda, que foram se popularizando no Brasil, desde seu descobrimento pelas pessoas trazidas da África, acabou estigmatizando a figura de Exú.
No programa de hoje, nossos investigadores Andrei Fernandes, Marcos Keller e Ananda Mida convidam Alê Santos e Kiko Dinucci para elaborar mais sobre o orixá Exu.