O misterioso caso Tancredo

O cinema nacional vive uma de suas melhores fases, principalmente quando falamos dessa onda de filmes de gênero que tanto gostamos aqui no Mundo Freak. Por isso, a Paris Filmes me convidou para falar sobre um dos grandes mistérios da política brasileira, aproveitando o lançamento do filme O Paciente – O Caso Tancredo Neves, um thriller político que estreia agora dia 13 de Setembro.

No filme, acompanhamos os últimos dias de vida de Tancredo Neves, o primeiro presidente civil, eleito pelo colégio eleitoral no Congresso Nacional, após o fim da ditadura militar. Eleito, acaba morrendo por doença dia 21 de abril de 1985, nunca sendo empossado. 

Veja o trailer

“Chegou a hora de libertarmos esta pátria desta confusão que se instalou no país há 20 anos”

Disse Tancredo em abril de 1984, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, com milhares de pessoas que apoiavam o movimento Diretas já. Um conhecido opositor da Ditadura, foi o primeiro presidente eleito após o fim do regime. O momento era de caos, não apenas pela reabertura democrática depois de décadas, como pela instabilidade das instituições e incertezas quanto a um possível novo golpe em vista.

Foi eleito presidente da república pelo colégio eleitoral dia 15 de janeiro de 1985, com uma vitória que entusiasmou a população e é tida como uma das mais bem-sucedidas obras de “engenharia política” da história brasileira.

O problema é que Tancredo morreu dois meses após ser eleito.

Na conjuntura da época, poderia significar uma nova retomada do poder pelos militares. A situação que naturalmente já gerava tensão, foi ainda mais agravada pelo quadro médico que Tancredo demonstrou e sua constante luta para esconder o mal que lhe acometia. Recém eleito, decidiu revelar a doença apenas dois meses depois, em sua posse, temendo que os militares “linha-dura” se recusassem a passar o poder ao vice-presidente. Mas Tancredo acabou sendo internado às pressas antes que isso acontecesse.

Tancredo faleceu dia 21 de abril, vítima de infecção generalizada aos 75 anos. A versão oficial informava que a vítima sofreu de uma diverticulite, mas apurações posteriores indicaram um possível tumor benigno, que foi ocultado pelos médicos para evitar más interpretações quanto a um possível câncer.

Mas é claro que sua morte gerou dezenas de teorias conspiratórias, não apenas pelo mistério gerado pela tentativa de esconder o mal da população e seus pares, como também pela delicada situação nacional.

O clima de desconfiança sobre a agonia de Tancredo foi alimentado por mentiras e erros médicos. A explicação oficial para a cirurgia na véspera da posse foi uma diverticulite (inflamação na parede do intestino), devidamente tratada com a intervenção. Mas, depois da operação, o presidente só piorou e precisou voltar ao centro cirúrgico seis vezes, acometido por sangramentos e infecções

Foto divulgada pelos médicos enquanto Tancredo estava internado.

A equipe de Tancredo divulgou, em 25 de março, uma foto para provar que ele se recuperava bem. A imagem mostrava o político ao lado dos médicos. Não convenceu. Segundo uma reportagem da revista VEJA na época, ele tinha duas sondas injetadas no corpo e, atrás do sofá, uma enfermeira segurava um frasco de soro. Com a notícia da farsa, o tiro saiu pela culatra e logo se espalhou que Tancredo já estava morto na foto.

Pairam dúvidas até sobre a data da morte. Um médico da equipe disse que o cérebro de Tancredo parou de funcionar em 20 de abril. Mas sua morte foi decretada no dia seguinte. O 21 de abril teria sido escolhido para eternizar a ideia de que Tancredo era um herói, assim como o homem homenageado no feriado deste dia, Tiradentes.

Sarney assume como vice e o resto é história…

 

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