A verdadeira Face de Dorian Gray

Você já deveria conhecer todos os SPOILER desta estória.

 

 O Retrato de Dorian Gray narrado na belíssima obra de Oscar Wilde encanta a ávidos leitores desde sua publicação em 1890.

Um nobre e tímido rapaz inglês descoberto pelo artista Basil Hallward passou a ser seu modelo e amigo. Basil não só o pintava como via a si mesmo naquele rapaz. Seu melhor amigo Lord Henry Wotton, peculiar pensador da vida humana de preconceitos e desejos, incitava a sociedade sobre a divergência de moral e bons costumes, sendo defensor da libertinagem e adoração ao prazer próprio, assim que viu os quadros demasiadamente expostos na casa de Basil indagou sobre que tal influência exercia Dorian Gray.

Retrado do filme de 1945

Na tarde em Lord Henry conheceu Dorian, ambos apaixonaram-se cada um pelas duas qualidades, Lord Henry se encantou pela força brutal que a beleza de Dorian enfeitiçava a qualquer um, a inveja pela sua juventude e o poder de suas escolhas. E Dorian nunca mais esqueceria aquela tarde, em todos os sentidos. Lord Henry não o influenciara com as suas idéias de liberdade comportamental, sobre futuro, vida e todas as vantagens do prazer na sua mocidade. Nesta mesma tarde Basil Hallward pintou a que seria sua melhor obra, o Retrato de Dorian Gray. Ao revelar á Dorian e Lord Henry sua obra, ambos se encantaram com a magnitude e esplendor ali retratado, e após tantos elogios e ponderações sobre a vida e o envelhecimento, Dorian do fundo da sua alma e coração, desejou ardentemente e pediu “porque ao invés que eu envelheça, este quadro envelheça por mim e eu continue jovem?”.

A partir deste dia Dorian Gray se tornava outra pessoa, passou a andar continuamente com Lod Henry desfrutando de suas ideologias e praticando aquilo que imaginava ser sua liberdade. Em seus passeios noturnos pelo submundo de Londres, Dorian conheceu Sibyl Vane, uma atriz amadora num teatro esquecido pela sociedade. Dorian apaixonou-se tão rapidamente quanto a esqueceu, levando Sibyl ao suicídio. Reparando em teu retrato percebeu uma leve mudança em sua feição, teu sorriso tinha um toque malévolo, algo que não lhe fazia parte até este momento.

Conforme os dias passavam, além da mudança nas suas feições, Dorian percebe que seus traços continuam jovens enquanto no seu retrato os sinais de envelhecimento tornam-se aparentes. O desejo íntimo de Dorian fora realizado, sua alma agora fazia parte do seu próprio retrato envelhecendo em seu lugar, quanto poderia viver livremente por todos os prazeres que o mundo oferecia.

Em 1945 Albert Lewin dirigiu a melhor adaptação para as telonas, fiel á narração e diálogos do livro. Este filme devido à época não mostra as ações corruptíveis de Dorian, porém enfatizava as conversas de amoralidade e cinismo em que Lord Henry se gaba para a sociedade ensinando a Dorian. O filme foi produzido em preto e branco, destacando somente o retrato de Dorian Gray em cores. O filme foi indicado a três prêmios da academia e levando o Oscar de melhor fotografia (irônico não?!).

Em 2009 Oliver Parker (HellRaiser) trouxe novamente a adaptação da obra de Oscar Wilde para os cinemas, desta vez e em novo tempo o filme escancarou a vida de prazer e degradação vivida por Dorian Gray. Oliver preferiu a flexibilidade atemporal para adaptar a obra, reescrevendo alguns detalhes que, para quem é fã do livro não agradou muito. Porém as cenas das ações de Dorian Gray no submundo das drogas e prostituição refletem a obscuridade da aristocracia inglesa.

Em ambos os filmes os atores que interpretam o personagem Lord Henry George Sanders (1945) e Colin Firth estão extraordinariamente perfeitos em seus papéis, em épocas diferentes cada um soube representar fielmente a criação de Oscar Wilde. Ambos co-produzem a personalidade que se torna o personagem Dorian Gray.

O personagem de Dorian Gray também aparece na Liga Extraordinária, mas pouco de fala sobre ele, apenas que misteriosamente não envelhecia e nem poderia ser morto.

Ele reflete a própria vida do autor e dos seus leitores, pois aqueles que ainda não se entregaram as volúpias obscuras da vida, de alguma forma a desejam. E aqueles que já se entregaram á suas liberdades de prazer e sedução, hoje vivem a ponderar de como seria se o mesmo não fizesse.

Dorian Gray em sua peculiaridade, desde a sua inocência juventude, sua corrupção á entrega aos domínios carnais, e seu final arrependimento, representa vida de muitos seres humanos, no seu cotidiano, até os seus segredos mais sombrios. Qualquer um poder ser Dorian Gray, mesmo que não admita.

 

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