Shin Godzilla: Saiu da jaula o monstro!

Olá freaks, eu estou de volta após longo período de hibernação! E sabem quem também está de volta? Sim, ele, o calango cuspidor de “raiu leiziu” mais famoso do mundo: Godzilla!

Como todos sabem, tivemos um filme do grandalhão em 2014 produzido inteiramente nos estados unidos. O filme é bacana e mostra uma das MELHORES VERSÕES do bichão (em minha fecal opinião, claro) mas peca por não dar o devido tempo de tela ao personagem, mudando o foco para o núcleo humano na hora da porradaria entre Godzilla e os “bichões do mal”  em muitos momentos, sem falar no fato um tanto burro por parte dos produtores de tirar o papel do protagonista do Bryan Cranston pra jogar nas mãos do insosso Aaron Johnson, que só convence como protagonista em Kick-Ass justamente pelo personagem pedir alguém com cara de bunda e voz de menino na puberdade.

No entanto, depois do trauma causado pelo horrendo filme de 1998  (que, confesso, eu gostava pra caramba), a Toho apenas permitiu que a marca Godzilla fosse usada nos EUA outra vez mas sem ligar o filme de 2014 com a “cronologia oficial” do monstrão. Assim sendo, não era um filme canônico do Godzilla, 100% japonês, que não deixava cheiro e nem soltava as tiras. Com a repercussão do longa de 204, a Toho decidiu que era hora de trazer o bichão de volta pra casa , com direito a roupa de borracha de raiz e a negada dos “zóio puxado” correndo em pânico, old school style.

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Afim de trazer uma nova roupagem para o personagem, não só revitalizando mas dando um olhar totalmente novo e atualizado para o calangão, a Toho contratou dois diretores para encabeçar o projeto. Um deles é Shinji Higuchi, das polêmicas adaptações de Shingeki no Kyojin (Attack on Titan), filmes que tem um roteiro que desagradou os fãs pelas mudanças bruscas mas que tem um visual bem bacana, mesclando CG, fundo verde e efeitos práticos (as boas e velhas maquetes e roupitchas de borracha bem elaboradas). O segundo sujeito é velho conhecido dos fãs de anime, principalmente dos que giram em torno do tema “mecha”. Trata-se nada mais, nada menos do que Hideaki Anno, “apenas” o diretor de Neon Genesis Evangelion, um dos melhores animes já criados!

Mas vamos deixar de rasgação de seda e ir para o que realmente interessa, que isso já tá ficando do tamanho de um textão de Facebook e eu nem comecei o review do filme ainda.

A trama básica é a seguinte: uma estranha erupção na baia de Tokyo gera medo, horror e desespero após causar terremoto e destruição em pequena escala. Da erupção, um estranho liquido vermelho surge e isso preocupa as forças de defesa do Japão, já marcados pelo Tsunami de 2011 e temendo uma nova tragédia. Porém, a coisa se complica quando o que parece ser a cauda de uma enorme criatura emerge do liquido vermelho. O temor se torna terror quando a estranha mancha começa a se mexer em direção a terra firme e, em seguida, se descobre que uma estanha criatura, com características de grandes animais marinhos pré-históricos de profundezas abissais, começa a se arrastar pela cidade. Sim, você leu certo. SE ARRASTAR. E essa é a primeira grande sacada de Shin Godzilla (Godzilla: Ressurgence nos EUA).

Como eu disse anteriormente, a intenção de Shin Godzilla é atualizar o personagem. Originalmente desperto de seu sono milenar pelas duas infames bombas atômicas jogadas em Hiroshima e Nagasaki, e criado para ser não apenas um filme de monstro mas pra externar esse horror, em Shin Godzilla o responsável pelo surgimento do kaiju mais querido do mundo…somos nós! Sim, a poluição e os detritos radioativos jogados no mar acabam gerando uma mutação genética em algum tipo de forma de vida marinha que começa a sofrer uma evolução acelerada. E foi exatamente isso que me chamou a atenção em Shin Godzilla. Ver a evolução do Godzilla é algo assustador, perturbador e até asqueroso. Falo isso não de sua forma clássica, mas a primeira vez que vemos o bichão em terra, se arrastando nas patas traseiras como um girino gigante com grandes olhos de lagartixa, é tão…tão…esquisito que é impossível não sentir um calafrio de asco e estranhamento.

Está é a forma primal do Godzilla que surge junto com a mancha vermelha e que você NÃO VERÁ no filme!

Está é a forma primal do Godzilla que surge junto com a mancha vermelha e que você NÃO VERÁ no filme!

Antes de chegar a sua forma final, o calango japoronga já causa mais destruição que o Zack Snyder tomando conta do universo DC nos cinemas. Então, imagine quando o bicho “digivolve” completamente. Claro que, assim como os filmes clássicos e os feito nos EUA, temos o núcleo humano. E é esse justamente um dos problemas do filme: o excesso de gente. Não temos um protagonista assumido, mas várias pessoas de olhinhos puxados batendo boca em cenas que variam entre conversas ao telefone, conversas em salas de conferencias, conversas andando em corredores, mais conversas ao telefone, conversas apontando para gráficos, mais conversas ao telefone, etc,etc,etc…

O longa americano de 2014, como supracitado, comete o crime de nos dar Aaron Johnson e seu dramelhos ao invés  de nos dar Bryan Cranston ou mesmo Godzilla trocando tapa por mais tempo na tela. Mas, apesar de tudo, mesmo os momentos ao lado do “Mercúrio menos rápido que uma bala” tem suas doses de ação, com os soldados descobrindo tretas dos monstros inimigos do verdão, ou mesmo tentando salvar suas vidas em meio ao rampage. No longa japonês de apenas 1:30hr, a lenga lenga é tanta que o filme começa a ficar monótono, tedioso e te faz querer pular logo pras partes com o Godzilla que, por não ter adversários, a não ser os humanos, apenas caminha e destrói. O filme só volta a te acordar quando, finalmente, a ajuda americana consegue ferir Godzilla ( americanos ferrando o Godzilla? Mensagem subliminar referente ao filme de 1998…?) e o bichão sangra EXATAMENTE como os Anjos e Evas de Evangelion, causando um verdadeiro tsunami rubro nas ruas, para em seguida mostrar com quantos Godzillas se destrói uma Tokyo. Sério, a cena é sensacionalmente assustadora!

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Agora,voltando aos diretores, é inegável  que, apesar de ter sido feita a quatro mãos, o filme todo FEDE a Hideki Anno! Você reconhecer movimentos e ângulos de câmera, closes dramáticos, movimentação militar e até o toque destrutivo do diretor em TODO O FILME. Isso é verdade de um modo tal que, em determinado momento, você pode jurar que um Eva vai saltar de algum lugar pra lutar com o Godzilla. E você acharia a coisa mais natural do mundo, caso isso ocorresse! Pra dar mais força a esse argumento, o tema “pré-batalha” de Evangelion TOCA DURANTE O FILME!

Da parte de Shinji Higuchi é facilmente percebido a belíssima influencia visual. A nova roupagem do Godzilla remete a muito do que foi visto nos longas de Shingeki no Kyojin, com aquele visual emborrachado mas, ainda assim, extremamente orgânico. Alguns detalhes novos são incríveis, como o maxilar inferior do calangão que se abre horizontalmente, no melhor estilo dos vampiros de Blade 2, na hora de largar o Atomic Breath. Ah, e agora o sujeito também cospe fogo, coisa feita apenas…pasmem… no longa americano de 1998. Parece que o jogo virou, não é mesmo, queridinha?

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O CG presente no filme é modesto mas serve muito bem ao seu propósito. Pra quem se incomoda fácil com isso, é importante lembrar que as superproduções japonesas não contam com o mesmo orçamento inchado das americanas. Assim sendo, o CG é bem mais simplório, tem suas falhas sim, mas só chegam a incomodar duas ou 3 vezes durante todo o filme. No mais, me arrisco a dizer que mesmo este CG “modesto” se saí muito melhor que muito filme de altíssimo orçamento feito nos EUA. Como um certo King Kong de um certo Peter Jackson, por exemplo…

As cenas de destruição são um show a parte. Como eu já mencionei, a cena em que o bichão se zanga com os americanos e manda tudo as favas, é de encher os olhos. Mas a chegada do “Girinozilla” não fica atrás e a solução pra derrubar o calangão é de aplaudir de pé pela originalidade. Não vou dar spoiler mas basta dizer que é algo como “Se ele se diverte derrubando nossa cidade em cima de nós…vamos derrubar nossa cidade EM CIMA DELE pra ver se ele gosta”.

Finalizando esta bagaça, Shin Godzilla é um reboot/remake que trás novo folego inovando em certos conceitos do personagen mas esbarra no marasmo do núcleo humano. Torço para que tenha sequencia, já que a solução para a trama deixa um gancho interessante que, com certeza, deixou toda a população de Tokyo com uma sensação de “iiiih…vai dar merda, capitão…” e ainda nos brinda com uma cena final que deixa a pergunta “Mas que porra é essa…?” e a vontade de descobrir mais. E, só pra deixar a pulga atrás da orelha, dá-se a entender que, assim como o “fire breath”, será algo tirando do longa americano de 1998…quem diria…

Nota: 7,0

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