[Resenha] Revival – Stephen King

Stephen King dispensa apresentações ou índices de qualidade, uma vez que o público, os prêmios e a crítica deixam bem claro o calibre desse grande mestre. Ele mesmo afirma que Revival é um dos seus mais assustadores livros. De fato, o autor não poderia ter sido mais assertivo. Volta e meia, o final de Revival vai aparecer nos pesadelos e reflexões filosóficas dos leitores que, como eu, foram atingidos em cheio pelo final súbito e bem arquitetado desse romance.

No livro, acompanhamos, em primeira pessoa, a história de vida de Jamie Morton, esse cidadão da assombrada Nova Inglaterra cresceu em uma cidadezinha onde conheceu o reverendo Charles Jacobs, uma cara simpático e benevolente, mas obcecado com estudos relacionados a formas não convencionais de eletricidade. A amizade surgiu a primeira vista, mas após um acidente trágico, o religioso é banido da cidade. Anos mais tarde, destroçado pelas drogas e por uma tragédia familiar, Jamie torna a encontrar o reverendo, agora capaz de operar milagres sinistros com uma tal “eletricidade secreta”, não demora muito para isso começar a trazer duvidosos questionamentos e implicações negativas que envolvem um horror do além.

Infelizmente, Revival é um daqueles casos em que a sinopse não pode ser muito convidativa, revelar muito é botar a perder a maior parte da experiência com a história.

Esse romance de King é uma junção da premissa de Frankstein de Mary Shelley com os Cthulhu Mythos  e possui o mais eficiente, assustador e pessimista final de toda a obra do autor, provavelmente é uma dos clímax mais relevantes da literatura de Terror do século, chegando ao nível das atmosferas e assombros cósmicos presentes nos escritos de H.P. Lovecraft.

No que tange a trama, Revival é friamente realista. Acompanhamos Jamie Morton narrando sua biografia. O cara tem uma história que poderia ser facilmente contada por um estranho em um bar, prendendo a atenção de todo mundo. Esse é um ponto forte da obra, os personagens são pessoas comuns, mas têm peso e identificação com o leitor, estão entre as mais bem construídas personalidades do universo de King, particularmente Morton, que se enquadra na categoria de personagem com quem você se importa e Jacobs, que assume o papel do pesquisador louco e possui uma profundidade psicológica ímpar. Portanto, não se intimide diante da carga forte de “realidade” que a obra apresenta, ela é muito interessante.

Como de praxe no trabalho de King, Revival segue em um crescendo e vai quebrando as regras da natureza e introduzindo o sobrenatural em doses mínimas, os fãs do horror cósmico de Lovecraft vão vibrar com o livro, aos poucos, a história vai dando sua guinada em direção àquele toque conspiracionista de entidades insanas contra a humanidade. Quando o livro aparece com alusões ao De Vermis Mysteriis e uma explicação que poderia ter saído da boca de um protagonista de H.P. Lovecraft o fã do cosmicismo vai querer pular da cadeira como eu pulei. Tudo bem que a carreira de King abusa das referências Lovecraftianas e não faltam exemplos em outras histórias, é que Revival se destaca nesse quesito.

O final é um mérito a parte, quem lê King sabe que o autor costuma desequilibrar desenvolvimento com final, sendo que as histórias são, geralmente, mais legais do que suas conclusões, isso serve para trabalhos como Desespero e Doutor Sono, mas aqui em Revival sua conclusão é uma pancada, tão assustadora quanto qualquer livro pode ser. Uma experiência imperdível para qualquer freak.

O Mundo Freak já trabalhou bastante com H.P. Lovecraft, e, com certeza, vai trabalhar mais. Agora eu vou é aproveitar essa deixa para solicitar ao nosso investigador Andrei que nos prepare um cast sobre o universo de King, pois é um mundo tão assustador e atraente quanto o pesadelo ancestral do velho Howard de Providence.

Informações técnicas

Capa Revival.inddTítulo: Revival 

Autor: Stephen King

Editora: Editora Objetiva

Tradução: Michel Teixeira

Gênero: Ficção

 

Formato: 16 x 23

376 páginas

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