Mangá é uma das coisas que mais gosto de falar por aqui, mas poucas vezes poderia ficar tão feliz ao citar o relançamento de um clássico. Blade – A lâmina do imortal vem pela JBC para fatiar uma das histórias mais lendárias da terra do sol nascente. Escrito e desenhado por Hiroaki Samura, uma edição de luxo é a oportunidade que você tem para imortalizar (tdum tsss) sua estante.
Estamos no Japão feudal, na metade do período Xogunato Tokugawa. Manji é contratado para matar aqueles que não pagam impostos. Depois de perceber que estava matando inocentes, se volta contra o contratante e mata todos os seus 99 guarda-costas. Depois de bastante ferido, o guerreiro recebe cuidados de uma monja que ao lhe dar o “chá de vermes” acaba lhe concedendo a imortalidade. Culpado, acaba propondo à mulher que, se ele matar 1000 criminosos poderia se livrar da imortalidade.
Uma ficção histórica que une mitologia, fantasia e muitas lutas legais. Os vermes kessenchus em si tem uma curiosa forma de curar feridas e manter o corpo imortal, não importa o tipo de ferimento. Além de bandidos que beiram ao surreal da psicopatia, é uma ótima forma de começar a ler mangá caso não esteja acostumado.
A obra ainda fala sobre os problemas da época, entre corrupção e assassinatos, enquanto acompanha a vida dos personagens principais. Junto com Manji, Rin é uma orfã que tem como objetivo se vingar de um grupo de criminosos que está causando confusão nos dojos de todo o país, querendo implementar um modo de batalha unificado, mortal e sem qualquer escrúpulo. Talvez seja uma grande crítica (na minha leitura) contra o caminho do bushido. O próprio Manji é politicamente incorreto e não parece se importar muito com as coisas a sua volta, dando uma ótima dinâmica na interação da dupla.
Por mais que a história seja interessante e alcança tons épicos com facilidade, é na arte que o mangá se sobressai. Cada quadro é uma obra de arte, que viaja do nanquim para o lápis puro e essa mudança de vai e vem acaba sendo um estilo original e belo.
Blade é um clássico inigualável em sua temática. Um “Samurai X” mais adulto e bem mais crítico, com lutas bem desenhadas, que deixa o leitor chocado pelo grau de violência gráfica. Não é difícil se apegar pela história e personagens, onde Manji é a figura mais execrável que se pode ter sobre um Samurai. Um anti-herói lançado em uma época em que nos mangás o bem sempre vencia e hoje essa história parece mais atual do que nunca.