Como o fenômeno Marvel Studios nos cinemas merece ser estudado a fundo. Parece óbvio, mas as pessoas tem um recorte muito raso do que está acontecendo desde 2008 nos cinemas. Produzir um filme é bastante custoso, lidando com egos pessoais e agendas super apertadas. Quantos não falharam? Chegar em uma fase três sem deixar a peteca cair não é pra qualquer um. Ainda mais em um universo cheio de pequenos universos. Espaciais, mágicos, urbanos, tem pra todo mundo.
Humanos super poderosos, semi-deuses alienígenas, monstros criados e laboratórios. Nada de novo no front, mas com um tempero de deixar qualquer fã louco.
Uma vez que você é daqueles com preguiça de ler texto grande. O filme é excelente, vá ao cinema e tenha uma experiência das mais divertidas dos últimos anos. Para quem quer argumentos, o artigo começa agora.
Pois fomos lá conferir o filme na pré estreia depois que vi as primeiras resenhas do Rotten Tomatoes, geralmente não gosto de me garantir antes de um consenso, mas algo me dizia que mais uma vez, seriamos surpreendidos. Mesmo com minha vontade de mais um filme de super heróis bem morno, mesmo com a adaptação bem menos intensa do que foi nos quadrinhos, mesmo com heróis que ainda precisavam se provar e sem alguns que aprendemos a gostar.
Ah sim, e esse texto não contém spoilers.
Decerto esse filme deve ter sido um pesadelo para todos os produtores. A quantidade de elementos diferentes que tinham que trabalhar, sendo uma continuação de Capitão América 2, com Vingadores 2 como último encontro dos heróis, embarcar em um Guerra Civil como nos quadrinhos e ainda de quebra apresentar o novo Homem Aranha. Sem falar ainda que precisa dar abertura para a fase 3 da Marvel.
Coreografias estão melhores do que nunca. Os diretores Anthony Russo e Joseph V. Russo, assim como em Capitão América 2 sabem mesmo fazer cenas de ação e pancadaria, mesmo com entidades cósmicas como Visão, parecem mais criveis na tela quando no filme que o estreou. E isso é algo que queria comentar: Se excluíssemos que o problema do filme não é Global, teríamos um Vingadores 2 melhor que Vingadores 2.
Mas o filme está longe de ser perfeito, ainda mais se você é um fanático por quadrinhos e quiser realmente ter a mesma experiência ao ler o arco de histórias de Guerra Civil. O longa é estupidamente menor, com motivações diferentes. A ideologia existe, mas é pincelada quando na verdade temos um enredo que se foca no Soldado Invernal e em um dos eventos que abrem o filme. Sendo a luta do Cap bem mais sobre sua amizade, que sobre liberdade. Iron por sua vez, continua o mesmo de sempre: Falho, arrogante e sem escrúpulos. Da mesma forma é o recorte quanto nos quadrinhos, quanto nos filmes. Defende a implementação do tratado de Sokóvia, que visa transformar os Vingadores em um painel da ONU, deixando de ser uma iniciativa privada.
Se alguém quiser ignorar todo o pipocão que é esse filme, vai encontrar pequenos defeitos na trama dignas de qualquer filme de super herói. Mas como um mágico que faz seu truque de ilusionismo, o roteiro consegue ser mais rápido do que nosso senso crítico. Até aquelas piadas que pareciam mais forçadas em Vingadores 2 não existem aqui, tudo é muito dinâmico, colorido e com ação de cair o queixo.
A adição de personagens como Homem Formiga e Homem Aranha dão um respiro pra equipe, mesmo com personagens novos o filme perigava cair em um repeteco de tudo o que temos até aqui. Já que personagens como Homem de Ferro e Capitão América já estão por aí por mais de 5 longas, é claro que existe um sentimento de exaustão quanto a eles.
Já o Pantera Negra deixa de lado o tom divertido do filme, para se amarrar no roteiro. Seu ciclo em tela é de apresentação até conclusão, sendo uma importante adição para a equipe nos próximos filmes.
O Cabeça-de-teia merece um paragrafo a parte. Sua introdução é rápida, não deve dar mais de 15 minutos de filme. E sua entrada para um dos grupos do embate traz uma sensação de euforia para qualquer fã do personagem. Não é perigo dizer que esse vai ser/está sendo o melhor “Amigão da vizinhança” que vamos ter o prazer de ver em tela. Piadas rápidas e bem colocadas, coreografia bem montada e um carisma fora do comum. E o filme ainda utiliza de uma meta linguagem para mandar a mensagem: Sou novo mesmo, minha tia é gatinha e você vai ter que engolir. E engolimos porque a Marvel tem o toque de Midas. Ver o Homem Aranha em tela dessa maneira, com Homem de Ferro e Capitão América, foi uma das melhores sensações que tive nos últimos anos.
O final do filme apresenta um pequeno plot twist (que não é surpresa para quem é leitor) e vai ser fonte de reclamação para aqueles que não curtem o que a Marvel fez até agora com os vilões nos filmes.
Em conclusão. Marvel acerta novamente, os irmãos Russo são um novo respiro à franquia. Nos aproximamos cada vez mais na despedida dos personagens antigos e essa sensação está presente na tela, mas a adição de novos e empolgantes personagens dá o equilíbrio necessário para o filme se segurar muito bem. Seja #TeamIron, #TeamCap ou #TeamSpidey, todo mundo ganha. Vá ao cinema sem medo, vale a experiência.
E um lembrete, são 2 cenas pós-créditos. Aguardem até as letrinhas finais.