[Resenha] As misteriosas Sete Chaves do Caveira

Sete histórias abrem as portas para a revelação, sete chaves para entrar no mundo de Luiz Hasse que mistura o sobrenatural em um livro de realismo fantástico que você precisa conhecer.

“Eles estão por todos os lados. O que eles são? Almas? Restos inconscientes de energia? Emoções violentas perdidas no tempo? Uma memória impressa no ambiente por meios que desconhecemos? Você não pode vê-los. Talvez não acredite neles. Mas pode senti-los. O que foi este arrepio estranho? Por que essa sensação de um peso sobre seus ombros ao entrar neste prédio? Porque sair daquela sala lhe deixou com um estranho alívio? Num mundo de crime, corrupção e hipocrisia, onde as mortes são violentas e banais, onde as tragédias são inúmeras e anônimas, onde as desgraças terminam desconhecidas como as vidas dos desgraçados, os fantasmas são abundantes. O Caveira não apenas pode vê-los e ouvi-los, mas elegeu para si mesmo a tarefa de lhes trazer paz, se esta paz é justa. Para isto, precisa viver como eles.”

Sete Chaves do Caveira acompanha a jornada de um vigilante sombrio pelas ruas de um Brasil violento e corrupto, nada que se difere da realidade, onde cada um dos casos não são apenas críveis, como tenho certeza que poderão ser identificados facilmente em noticiários locais. Crime organizado, tráfico de drogas, roubo de carga, sequestro, assaltos. A única coisa que difere a realidade deste caótico retrato de ruas sangrentas é o nosso anti-herói Caveira.

Alguns diriam que é o próprio demônio, ou até mesmo a figura da morte que vem pegar aqueles que merecem ser punidos. Rápido demais para ser humano, se esvaece nas sombras como parte dela e antes que percebam, os aliados estão mortos e o único sobrando em pé é o próximo a cair.

chavescaveira

Um dos pontos altos do livro é o conflito moral que o personagem passa e que é transpirada de maneira natural para o leitor. O que faria se você pudesse punir criminosos e bandidos? Talvez o livro não me chamasse tanta atenção, não fosse a plena evolução do personagem em cada história, como chaves realmente, que vão cada vez mais revelando dilemas sérios que se passam na cabeça do protagonista, até chegarmos no final do livro e descobrirmos com surpresa que o autor não fez apenas um vigilante genérico com mania de grandeza, mas um ser humano que cresce com seus problemas. Enquanto habilmente tece uma narrativa dinâmica de tirar o fôlego em meio a uma estética interessante de um tema cruel e o visceral.

A primeira história começa exatamente com o paralelos entre duas crianças desgraçadas, que veem em seus passados a chave para o futuro. Uma delas se tornaria o vigilante e a outra uma principal peça do jogo da criminalidade.  O que faz de alguém ruim? Ruim mesmo, de verdade. Falta de empatia? Falta de oportunidades? Hasse não se propõe a dar uma resposta, mas sua obra brinca no limiar do ético e moral em todas essas histórias.

E é exatamente por isso que recomendo As sete chaves do Caveira. Uma coletânea de narrativas sangrentas, onde um personagem aprende a sobreviver e como lidar com suas habilidades.

Para acompanhar mais sobre o autor, suas obras e saber como adquirir um exemplar acesse a página do facebook da obra.

Informações técnicas:

1Título:  Sete Chaves do Caveira

Autor:  Luiz Hasse

Editora:  Dimensões | Multifoco

Idioma:  Português

Especificações: 138 páginas, brochura

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