Olar galera do Mundo Freak! Tudo bem com vocês?
Hoje vim falar um pouco sobre uma série inglesa (e americana também, porque não?) chamada Penny Dreadful, que vocês já devem ter ouvido falar. Em quesitos de nudez ela é mais ou menos como se fosse um Game of Thrones, só que de terror. Então vamos lá?
Penny Dreadful é uma série de suspense/terror exibida pela Showtime (pela HBO, aqui nas terras tupiniquins), que estreou em maio de 2014 e hoje se encontra em sua segunda temporada. A série é ambientada na Inglaterra Vitoriana e tem esse nome devido a uma série de publicações de histórias de terror, mistério e fantasia publicadas semanalmente e custavam apenas um centavo. Essas publicações eram conhecidas como as Penny (Centavo) Dreadful (Terrível, Incômodo, Desagradável).
Imagem de uma Penny Dreadful, contando a história do “Spring Heeled Jack”, que era um fulano capaz de pular a alturas gigantescas, de acordo com o folclore inglês.
Mas vamos à série! Escrita por John Logan (responsável por roteiros de filmes de sucesso, como 007: Skyfall, Sweeney Todd, Gladiador) e produzida por ele e Sam Mendes (diretor de 007: Skyfall, Estrada para Perdição, Beleza Americana). Ambientanda em Londres conta a história de Vanessa Ives (interpretada pela maravilhosa Eva Green, de Os Sonhadores e Sin City 2), uma mulher misteriosa e bela, cujo passado vamos desvendando aos poucos. Ela possui dons mediúnicos, e os usa na busca por sua amiga Mina (Olivia Llewellyn, de Os Piratas do Rock), que sumiu após se envolver e fugir com um sinistro homem.
Mina é filha de Sir Malcom Murray (Timothy Dalton, ator veterano do teatro e TV da Inglaterra e conhecido por ser o quarto James Bond, estrelando nos filmes: “Marcado para a Morte” e “Permissão para Matar”), um explorador especializado no continente Africano, que passou grande parte da sua vida viajando e deliberadamente ignorando sua família. Após o desaparecimento da filha, aliado à Vanessa, tenta recompensar os anos perdidos partindo em uma árdua busca pelo seu encontro.
Nessa busca, Vanessa encontra em um circo um artista de tiro ao alvo chamado Ethan Chandler (Josh Hartnett, de Sin City e 30 Dias de Noite), um homem sem vínculos que claramente está fugindo de algo ou alguma coisa. Ele logo começa a ajudar Vanessa e Malcom, enfrentando junto deles e do criado Sembene (Danny Sapani, de Trance e Misfits) os terrores da noite Londrina.
Ao longo dos episódios, para honrar seu nome que faz referência a histórias de terror, vamos encontrando vários personagens que fazem parte da ficção inglesa: Dorian Gray (Reeve Carney), que desenvolve um interesse particular por Vanessa Ives e seus mistérios; Victor Frankenstein (Harry Treadaway, de Cidade das Sombras e Control) em começo de carreira, colocando em prática seus estudos de reanimação humana e dando vida à sua Criatura (Rory Kinnear, de O Jogo da Imitação e 007: Skyfall); a própria Criatura, ou Caliban, como ele gosta de ser chamado, com seus desejos e sentimentos cada vez mais humanos; e o Professor Van Helsing (David Warner, de Titanic e a versão original de A Profecia) já em idade avançada mas ainda querendo matar vampiros. Além desses, duas personagens também merecem ser citadas. São elas Brona Croft (Billie Piper, de Doctor Who), uma sarcástica prostituta que se envolve com Ethan; e Evelyn Poole (Helen McCrory de 007: Skyfall e Harry Potter e o Enigma do Príncipe), também conhecida como Madame Kali, uma médium que se apresenta em festas e reuniões da alta sociedade, mas que é bem mais do que aparenta.
O interessante de Penny Dreadful é que a série leva ao pé da letra a idéia do “Nada é o que parece”. Todos os personagens possuem várias camadas que vamos descobrindo ao longo da temporada, e cada um deles tem seus próprios demônios que precisam enfrentar, alguns deles mais literalmente que outros. A busca por Mina também é uma busca de autoconhecimento e perdão para Vanessa e Sir Malcom, pois ambos se sentem culpados por coisas que fizeram no passado, relacionadas a Mina, e precisam dessa caçada para tentarem deixar esses erros para trás. Até mesmo Ethan, que não tem nenhuma ligação prévia com os dois, precisa dessa caçada contra seres das trevas para poder lutar contra as forças que traz dentro de si (O pobre Sembene, por enquanto, só faz o que seu patrão manda).
Apesar da busca por Mina ser a plot principal da temporada, ela não se resume apenas a isso (Como podemos ver em séries grandes que não vou citar o nome The Walking Dead). Existe também uma força maior, proveniente do Egito, que se for ressuscitada pode ser capaz de trazer o apocalipse para a Terra. São muitas as teorias sobre quem ou o que é essa força, e se ela assume outros nomes dentro da série, mas por enquanto tudo ainda está em aberto e esperando para ser resolvido (teorias não faltam). A estética da série também é impecável. De um lado temos a Londres rica, com suas mansões, figurinos deslumbrantes e festas dos nobres, e do outro lado temos a Londres miserável, com os bordéis, os bares caindo aos pedaços, os mendigos, a sujeira e as doenças. Nós passeamos entre essas duas realidades distintas, representadas com riqueza de detalhes.
Por muito tempo eu fiquei carente de uma série que soubesse lidar com temas como sexo, violência e criaturas macabras, de forma que essas coisas não ficassem piegas e forçadas. Por algum tempo True Blood (aquela série ambientada no interior dos EUA, também da HBO, com vampiros, lobisomens, bruxas, fadas, deuses, shape-shifters, leopardomens, etc etc etc, que Deus a tenha, RIP) supriu essa carência, antes de perder completamente o foco. Fiquei órfã por vários anos, até que apareceu Penny Dreadful que basicamente poderia sambar na cara de True Blood com o salto da altura que desejasse. É seguro dizer que é uma das melhores séries atuais, pois não tem medo de jogar as coisas na sua cara e dizer “Toma, segura aí e lida com isso”.
Se for preciso resumir Penny Dreadful em 5 palavras, eu diria: Sexo, Sangue, Literatura e Eva Green. As expressões corporais que essa mulher transmite, a profundidade que ela dá a personagem de Vanessa Ives é surreal. Há cenas em que Vanessa está sendo atormentada por espíritos malignos, e a interpretação de Eva é tão intensa que eu me senti incomodada, e é assim que deve ser, quando se está vendo algo do tipo. Eva Green não leva a série nas costas, mas sem ela duvido que a série estaria tão boa quanto é. Alguém arruma um Oscar, um Emmy, um tudo pra essa mulher!
A segunda temporada de Penny Dreadful estreou dia 20 de Abril, inserindo novos personagens e novas criaturas. A busca por Mina se encerrou, mas foi substituída por algo muito maior e mais assustador. O 5º episódio foi ao ar ontem, então que tal ir assistir e voltar aqui pra me dizer o que achou?