(Resenha) The Babadook

The Babadook – Jennifer Kent (2014)

“Don’t let it in!” (Não deixe ele entrar!)

https://www.youtube.com/watch?v=szaLnKNWC-U

The Babadook é um filme australiano, dirigido pela estreante Jennifer Kent, que conta a história de Amelia (Essie Davies), uma mãe solteira ligeiramente perturbada e seu filho-problema Samuel (Noah Wiseman). Na noite em que Amelia estava indo para o hospital, em pleno trabalho de parto, ela e seu marido Oskar (Benjamin Winspear) sofreram um acidente de carro, onde apenas Amelia e o filho saíram vivos. Desde então Amelia não conseguiu superar a perda do marido e consequentemente depositou a culpa em seu filho.

Samuel tem muitos pesadelos e na maioria deles existe um monstro que está atrás dele e de sua mãe querendo mata-los. Amelia tem o costume de ler para que ele durma, e em uma noite ele escolhe um livro que eles não haviam visto antes, chamado “Mister Babadook”. Assim que Amelia começa a ler a história, com ilustrações pop-up bizarras e textos ameaçadores, seu filho entra em desespero e reconhece a entidade como a que ele vê em seus sonhos.

O filme se passa quase todo dentro da casa da família, uma casa de modelo antigo, e a atmosfera é bem sufocante. Na maior parte do filme, nada assustador acontece e a entidade não é vista, mas nós podemos perceber o efeito que ela causa nos dois personagens principais. Esse é o interessante do filme, a influência que o Babadook exerce sobre a família, e não os clichês básicos de filmes de terror, com som aumentando, coisas sendo arremessadas e afins. Quando Amelia começa a ter vislumbres da entidade e a ser diretamente oprimida por ela, ela percebe que seu filho estava certo e que aquilo queria tomar conta deles.

Os destaques do filme ficam para a fotografia maravilhosa, tanto nas cenas fora quanto nas cenas dentro da casa; Para a edição e sonoplastia do filme, com os cortes certeiros e os barulhos do ambiente que você precisa prestar atenção para ouvir (não é Atividade Paranormal, galera!); Para Jennifer Kent que escreveu e dirigiu o filme, mas principalmente pelo roteiro que é muito interessante, diferente e profundo; Last but not least, para Noah Wiseman que apesar de ter apenas 7 anos, deu um banho de atuação! Tanto nas partes onde estava sendo uma criança mimada, quanto nas partes onde estava morrendo de medo, ele foi incrível e simplesmente roubou a cena.

 

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Samuel era uma criança difícil, com problemas de socialização e tendências depressivas, mas o principal problema era a falta de carinho de sua mãe. Ele só queria ser amado e ter atenção, e sua forma de exigir isso era sendo rebelde. Amelia, por sua vez, estava presa em sua melancolia e luto, apenas existindo e não vivendo. Ela não conseguia dar todo o amor que seu filho precisava por acreditar que ele era o culpado pela perda de seu amado esposo e, consequentemente, se sentia culpada por esse sentimento ruim.

Na minha opinião, Babadook é uma metáfora para todo o medo, depressão e mágoa existentes na família. Samuel repete o tempo inteiro “Não deixe-o entrar”, pois uma vez que nós nos entregamos a esse sentimento, ele toma conta de nós. Exatamente como o Babadook. No final do filme, Amelia deixa o Babadook controla-la, para logo depois lutar contra ele, lutar contra esses sentimentos ruins e finalmente perceber que ela amava seu filho e que ele não tinha culpa do que havia acontecido. Outra frase forte do filme é “Você não consegue se livrar do Babadook”. É exatamente essa premissa que faz com que Amelia mantenha a entidade presa em seu porão, para encará-la todos os dias e saber que foi capaz de virar o jogo. Que mesmo que não possa se livrar dos sentimentos ruins, ela é capaz de controla-los.

~~~~~~~~~~~ SPOILER ZONE ~~~~~~~~~~~

 

The Babadook recebeu 96% no Tomatometer do Rotten Tomatoes*, um dos mais interessantes e, em minha opinião, confiáveis sites de crítica cinematográfica. Apesar de pecar ligeiramente nos efeitos especiais e nas cenas onde o Babadook aparece, esse é um filme muito diferente e que vale a pena ser assistido. Porém, se você é fã de filmes que dão sustos praticamente idênticos se usando de clichês hollywoodianos, passe longe de The Babadook.

 

NOTA 4/5

 

* Tomatometer, ou “Tomatômetro”: É a medição usada pelo Rotten Tomatoes (Tomates Podres). Basicamente, se o filme recebe reviews que façam com que ele fique até 50% da classificação, ele é considerado “Rotten” (Podre), e recebe um tomatinho verde estourado. Se ele recebe acima de 50% de classificações boas, ele é “Fresh” (Fresco), e recebe um tomatinho vermelho. Essas classificações são dadas por críticos e por leigos, e você pode lê-las na página do filme.

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