Em primeiro lugar quero dizer que todo este caso ainda está se desenvolvendo e muita coisa pode mudar nas próximas semanas. De qualquer forma podemos começar um diálogo aqui e levar ele para os comentários.
Movimentos populares, revoluções e até mesmo a derrubada de líderes governamentais foram vistos nos últimos anos em praticamente todas as redes sociais. Uma passeata era marcada pelo Twitter, fotos enchiam o Facebook e o Instagram, além de vídeos mostrando manifestantes e denunciando a resposta das autoridades.
Parecia que a Internet era um lugar livre, a realização de uma utopia que daria voz à população. A rede foi inundada de montagens com dizeres como “Globo mente”, “abaixo a corrupção” e coisas do gênero. De repente pautas de blogs começaram a invadir programas de TV e os vídeos mais engraçados da Internet estavam em todos os canais. Mas o que não estávamos percebendo era o poder mudando de mãos (ou ganhando mais algumas).
Nós passamos a falar pelo Twitter, compartilhar fotos e coisas engraçadas no Facebook e ver vídeos no You Tube. Inclusive eram nestas redes onde descobríamos quais eram as novas piadas, os novos canais e qual a modinha da vez. Agora estas redes estão mostrando que brincadeira é uma coisa e negócios são outros 500.
Depois de abrir o capital e não ter a resposta esperada, o Facebook se viu desesperado para provar aos seus investidores que poderia ser rentável. Muitas tentativas foram feitas e nenhuma empolgou o mercado, por isso tio Mark apontou as armas para os produtores de conteúdo. “Você está fazendo dinheiro com sua fan page? Agora eu quero a minha fatia”. Assim a vida de quem vive da web se tornou ainda mais dura.
Para quem não está sabendo do assunto, funciona assim: Você tem uma fan page e coloca uma foto divertida usando um animal, ou personagem de novela. Se o autor não pagar pelo anúncio apenas 3% de seus “fãs” irão ver esta imagem. Este número não é exato e se você dá muitos likes nas coisas de uma página específica o cálculo muda, mas nesta brincadeira as pessoas viram o alcance de seus posts cair vertiginosamente. E não adianta xingar muito que Zuckerberg não quer nem saber.
Agora a novidade do Facebook serão anúncios em vídeos que serão exibidos em sua linha do tempo, quer você queira ou não. Aguarde que o recurso já está em testes e prestes a ser lançado. A propaganda passará para você mesmo que você nunca tenha gostado do assunto relacionado.
A reação dos produtores de conteúdo foi reclamar e começar uma migração para o Google+. Do dia pra noite vários blogs começaram a criar páginas no G+ e anunciar isso em todas as redes sociais. Seria legal, mas infelizmente o público brasileiro ainda é muito preso ao Facebook e pouca gente seguiu. Com o passar dos dias veremos se mais gente seguirá o caminho. Mas é bom pensar duas vezes antes de aunciar o Google como pedra de salvação nas rede sociais.
Afinal o You Tube também deu sua pisada de bola esta semana, tirando do ar centenas (ou milhares) de vídeos do ar sob a alegação de quebra de direitos autorais. Isso vai de gameplays de jogos a uma pessoa que faça um review de filme usando imagens tiradas do trailer. E a pessoa nem precisava estar tirando dinheiro dos views para que sua conta fosse afetada.
Um dos exemplos mais notórios foi o canal 366 Músicas, onde o Nick Ellis fazia covers diários de músicas conhecidas. Ele não ativou propagandas nos vídeos e nunca ganhou dinheiro pelo projeto, mas mesmo assim sua conta foi bloqueada e todos os vídeos foram retirados do ar.
A reação das pessoas foi tão ruim que algumas produtoras de games já vieram a público dizer que por eles tá tudo liberado e que não tiveram nada com isso, afinal vídeos deste tipo servem como publicidade gratuita. O Google está dando uma de João Sem Braço e explicando que todo o processo é automático e que estava tudo explicado desde sempre nos termos de uso do You Tube (como se alguém tivesse lido).
A lição que podemos tirar disso tudo é que empresas serão sempre empresas. Se a Globo mente, a Band manipula e o SBT quer ver o circo pegar fogo, não vá pensando que a Internet é tão livre assim. Você pode até colocar seu vídeo ou texto no ar, mas popularizar seu conteúdo ainda é uma tarefa que precisará passar pelo aval de algum executivo engravatado por aí.