Antes de tudo, gostaria de avisar que li o livro. Então não esperem uma resenha que avalie o filme como “uno”, pois farei algumas comparações aqui e ali, então deixo uma recomendação: Leiam o Livro, ele não mudou minha vida, nem é meu livro de cabeçeira, mas é “ótemo”! Quem quiser ser convencido melhor, coloquei uma resenha dele a algum tempo aqui no blog, leiam. A resenha do filme conterá spoilers bem leves, então não creio que estrague o filme pra ninguém
Primeiramente, para aqueles que não conhecem nada de Jogos Vorazes. A plot: É um romance de Suzanne Collins aonde Panem é um país dividido em 12 distritos que devem “vassalagem” a central. Um pós-apocalíptico de ficção científica aonde os Jogos Vorazes são prestados como prova da superioridade bélica da Central para com os distritos que se rebelaram no passado, e nele concorrem 2 jovens tributos de cada distrito que são obrigados a lutar até a morte.
Fiquei um pouco preocupado quando começou a sair notícias de que queriam fazer um “novo Crepúsculo“. E realmente isso estava sendo dito por aí na época da produção, e quando saiu o primeiro trailer completo fiquei ainda mais perdido, pois ele aborda a vida de Katniss até ela ser chamada para os Jogos, e a cena final é quando é dada a largada para o Reality Show. Ou seja, o miolo do livro não foi mostrado em trailers. O que esperar?
Para começar, a dica que dei acima é válida. Pois esse filme caí aonde tantos outros já caíram, a adaptação, grande vilã das histórias que transpassam o livro e vão parar no cinema. O filme é corrido e dois elementos que são interessantes do livro e que não são abordados como deveriam: Sobrevivência e ficção científica, Panem é um mundo novo, com regras novas, tecnologia avançada, modificações genéticas e coisas piscantes que só o futuro nos trás. Katniss é obrigada a usar todo seu conhecimento como caçadora para conseguir lidar com o programa, ela está sozinha até grande parte do livro, é caçada tanto por jogadores como atacada pelos idealizadores do programa, e cada objetivo novo é um desafio a ser superado, desde buscar água, curar ferimentos, caçar e fugir.
E como ela foge! Não esperem um Battle Royale, pois o foco do livro não é porrada. Se fosse, não seria em primeira pessoa que é narrado, uma das coisas legais da adaptação é que Katniss deixa de ser o foco narrativo. Em vários momentos é mostrado os bastidores. Conversas secretas que não sabemos no primeiro livro, e isso faz um ponto positivo pois o filme funciona melhor como arco fechado, já que o livro dá uma necessidade de continuação com uma provável guerra. O filme deixa apenas aberto, não confirma se terá ou não, inclusive o final que é sutil.
O filme é muito fiel, quase tudo é retratado como no livro. Mesmo eu que o li, teve um ou outro momento que me deu de leitor chato e ficar comparando “mas isso não aconteceu assim e mimimi”
Para você ver como distribuidoras e produtoras se importam mais com o lucro que com as obras, qualquer cartaz que tenha visto por aí mostra o triângulo amoroso de Katniss, Peeta e Gale. Sendo que a situação é sugestiva apenas (mesmo tirando suspiros das menininhas ao meu lado quando Katniss é obrigada a admitir que gosta de Peeta, e a cena é cortada e mostra a cara de tonto de Gale assistindo, mas é a única cena).
Os atores não são ótimos, mas são competentes. Katniss tem a cara de bunda e rabugenta do livro a todo o momento, infelizmente não fica claro no filme, já que ele não conta o quanto essa garota sofreu e teve de lutar pela sobrevivência da família até agora. (E mesmo assim dá um banho em Kristen Stewart), Peeta é o mesmo tonto de sempre e Gale é apenas um personagem passageiro. Mas Stanley Tucci está muito bom no papel de Caesar Flickerman, da mesma forma que Woody Harrelson como Haymitch, consegue divertir o público como é o personagem do livro, eles estão bem soltos nos papéis. O resto dos atores chegam competentes da mesma forma.
Efeitos visuais são medianos, mas não estragam a experiência. Tirando a parte da carruagem de fogo que me gerou um certo desconforto de vergonha alheia, junto com Peeta se camuflando, “sou confeiteiro de bolo”, tá bom. E os “cães” do final são bem feios e ruins comparados com o que eu imaginei no livro. No filme são buldogues, na minha mente são lobos atrozes no maior estilo Game of Thrones. Fazer o que?
Finalizando. O drama está presente, aventura, ação, Rue, Cato, Cara-de-raposa, amoras-cadeado, cornucópia. O filme é um complemento ótimo do livro. Não tem a mediocridade de um filme buscando carona no sucesso de outros como temi. Mas infelizmente peca pela falta da profundidade e descrições que são obrigatórias para entender Jogos Vorazes.