Dedicado a João Batista Sérgio Murad
Filmes protagonizados por animais quase nunca são levados a sério, seja pela temática quase sempre infantilizada, ou pelo dramalhão, primeiro fazendo o público se apegar ao bichinho pra depois matar o animal, arrancando lágrimas do espectador com a morte de um ser inocente. Este “Cavalo de Guerra” pega emprestados os clichês de ambos estilos, o que é uma pena. Spielberg há muito não produz nada tão ousado quanto suas obras anteriores, ninguém esperava nada de diferente disso, mas suaa indicações a melhor filme no Academy Awards, e a melhor filme de drama no Golden Globe Awards seriam um bocado equivocadas – não que seus adversários sejam tão superiores assim, isso demonstra a decadência do cinema norte- americano, mas aí é outro assunto…
A trama se passa próxima a Primeira Guerra Mundial, e conta a história de um potrinho observado de perto por um menininho, que mais tarde vem a ser dono dele. O cavalo precisa, por motivos financeiros da família do rapaz, ir pro fronte, no caminho faz amigos, é amado por todas as criaturas – humanas e eqüinas que encontra. Entre as mil peripécias que pratica, ele se propõe a trabalhar para os alemães – para poupar seu amigo, outro cavalinho lindo – carregar carroças, “puxar” a artilharia pesada germânica, fazer uma menininha doente feliz – não no sentido não-literal, seu pervertido – virar agente duplo, pois trabalha no exército britânico e alemão… Só faltava matar o Kaiser e acabar com a guerra. Joey é um cavalo para todos governar!
Do ponto de vista técnico, o filme pouco peca, ainda assim, na cadeira de diretor está Steven Spielberg, por mais que a história seja piegas, a fotografia, as paisagens, os cortes de câmera e as cenas de guerra – ainda que muito esparsas – valem muito a pena. O problema maior é que nenhum personagem humano causa muita comoção no espectador, todo o carisma está no super cavalo, certamente Cometa* teve seu coro e crina tingidos para participar da película spelberguiana.
No geral, “War Horse” está dentro da mediocridade dos trabalhos recentes de Steven Spielberg, o que é uma lástima, mas ainda é muito superior as bombas anteriores ( Indiana Jones 4, Guerra dos Mundos, Inteligência Artificial), o diretor parece estar preso ao gênero Drama, visto que seus últimos “êxitos” tem sido nesse estilo – Terminal, Prenda-me se for capaz, O resgate do soldado Ryan etc. Apesar de comercial e meio covarde, ainda vale a pena conferir o seu trabalho, nem que seja pra conferir o ambiente bem retratado das trincheiras britânicas, pelos anos 1910.