” Meu nome é Ezio Auditore, e eu sou um Assassino “
Essa resenha não contém Spoilers, podem ficar tranquilos. =)
A série Assassins Creed caiu no colo dos jogadores de surpresa, e já virou um dos clássicos da nova geração. Com história envolvente e narrativa épica, a saga conta a história entre eventos históricos reais de uma eterna guerra entre dois grupos. A Ordem dos Templários, que sobreviveram ao extermínio e hoje em dia controlam a política do mundo que conhecemos para seus propósitos e o Credo dos Assassinos, um clã do oriente médio que vem batalhando pela libertação do povo pelas mãos templárias.
Não tardou para que o potencial da série lançasse seus braços para outras mídias, mas diferente do habitual, não foi em filme, mas em uma série de livros. Assassins Creed Renascença, o primeiro deles, narra os acontecimentos do segundo jogo da série.
Eu terminei o jogo e logo comecei a ler, e essa análise servirá tanto para quem jogou, quanto para quem apenas leu (ou quer ler). A primeira coisa que os jogadores devem se perguntar ao pegar o livro pela primeira vez é se é fiel a história. Sim e Não.
Para falar a verdade o livro é fiel sim, tão fiel que eu achei um ponto fraco, já que até os tutoriais eles reproduzem fielmente. E algo mais complicado é que o livro não aborda o que eu acho que dá a perfeita liga a essa história, que é Desmound. Para quem não sabe, o jogo não se passa no passado, mas num futuro próximo aonde os Templários controlam uma mega corporação multinacional, as Industrias Abstergo e estão em busca de pessoas (subjects) que tiveram antepassados com contato com relíquias antigas chamadas Piece of Eden.
Eles criaram uma máquina chamada Animus que tem a função de “transportar” o usuário em sua memória genética, dando a possibilidade de reviver seu antepassado na época dos acontecimentos históricos.
” Você está dentro do Animus. Ele é um projetor que renderiza memórias genéticas em três dimensões. “
Desmond que é capturado pelos templários nesse futuro, primeiro vive a vida de Altair na época das cruzadas, que é a história do primeiro jogo. Altair é mencionado uma ou duas vezes nesse livro todo, e o enredo real do futuro não é narrado. Você passa todo o livro na Renascença, vivendo a vida do segundo antepassado com contato com as relíquias, Ezio. Não ter essas partes da história, não gera furos de roteiro. Mas o enredo perde muito do brilhantismo do game, que trabalha vários conceitos da memória genética enquanto Ezio.
Voltando ao livro, Ezio perde a família por traíção política, movida pelos templários, e ao mesmo tempo descobre que seu pai era um Assassino. Ezio decide por em prática sua vingança contra os traidores, consegue fugir de Florença, e encontra ajuda com seu tio Mario que gerencia uma vila que pertence a família. Mario que também é um assassino conta tudo sobre a ordem e seus objetivos e dá para Ezio o conhecimento e a habilidade necessária para realizar sua vingança. Um dos pontos altos da história é a dualidade de Ezio, que se divide entre vingar a família ou seguir o credo da Ordem. E a jornada consegue evoluir e amadurecer o personagem de maneira visivel. O moleque de sangue quente e atitudes impensadas se transforma no Assassino perfeito.
As habilidades, tanto com armas especiais de Assassino, quanto as escaladas pelos telhados das cidades italianas é bem retratada. E consegue ser fiel a diversão do jogo. Leonardo (DaVinci) também está presente de maneira carismática da mesma forma, conseguindo traduzir as Páginas de Codex nas armas antigas.
Algo que me incomodou, que poderia ter sido adaptado é a questão da passagem de tempo no livro. No maior estilo “novela das oito” “dois anos depois”, “três semanas após o começo dos treinos”, e de repente Ezio está com 40 anos (começou com 17) num livro que não é longo. É como se fossem fragmentos da história dele, algo que como disse anteriormente é bem embasado no game já que funciona como as memórias relevantes.
O livro acaba apontando alguns problemas do enredo, que no game consegue passar sem problemas. A história apesar de ser muito bem ambientada, tanto na cultura e sociedade da época quanto nos eventos históricos acaba sendo muito maniqueísta. Os templarios são o mal demoníaco, e o Credo dos Assassinos é o bem incorruptivel. Além disso, a origem das Piece of Eden e a conclusão da história acabaram ficando bobas e forçadas demais, talvez por não conter a parte do futuro e os elementos de fantasia, no game, acabam sendo relevantes por ter tido o primeiro jogo, que os introduziu com a história de Altair.
A questão “Desmound” ainda permanece um mistério, já que no final do livro dá a entender que ele será necessário para a história, será então que ele será introduzido depois ou será que vão arranjar algo para subsituir? Afinal “o profeta é apenas o meio da comunicação”
Concluíndo, Assassins Creed Renascença é uma sombra do original, como toda adaptação. Mas é uma boa leitura, bastante dinâmica graças a ótima história e narrativa presentes no jogo. Cumpre seu papel. Mas talvez não divirta tanto para quem jogou.
Para quem quiser ter um gostinho, o primeiro capítulo foi liberado para leitura.